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As doenças respiratórias aumentam no frio, mas não é necessário reduzir os treinamentos por isso


  • as doenças mais comuns do inverno;
  • para evitar infecções respiratórias , não treine "outddor";
  • roupa e corpo úmidos de suor aumentam o risco de hipotermia;
  • proteja seu corpo com roupas especiais de inverno;
  • evite consumo de álcool, pois aumenta a vasodilatação;
  • se você está com roupa suficiente para não sentir frio parado, provavelmente está com muita roupa para correr.
Para abrir os pulmões
 
Tosse, gripes, resfriados... Chega o frio e com ele aumenta a incidência das doenças respiratórias. Há muitas explicações para o fato de sermos alvo dessas doenças com maior freqüência no inverno.
Segundo a professora e coordenadora do programa de pós-graduação em Pneumologia da Unifesp, a pneumologista Ana Luisa Godoy Fernandes, no inverno há menos circulação de ar, porque as pessoas costumam fechar as janelas para escapar do frio, o que facilita a transmissão de infecções virais tais coma gripes e resfriados comuns.
“O resfriamento do ar também pode causar liberação de mediadores em pacientes asmáticos, com a diminuição das chuvas, há uma maior quantidade de poluentes acumulados no ar, agravando a condição desencadeante de broncoespasmo e inflamação das vias aéreas”, explica a médica.
 
Mesmo ficando mais frágeis, não precisamos nos esconder das baixas temperaturas. Segundo o conselheiro da Confederação Brasileira de Atletismo e fisiologista do exercício da equipe carioca de corrida de rua e cross country Pé de Vento, Henrique Viana, o frio do inverno não deve interferir no planejamento de treinos. “Inclusive no frio, os corredores tendem a melhorar o rendimento, pois a temperatura ambiente se torna agradável ao exercício. Quando em atividade o indivíduo é capaz de produzir até dez vezes mais calor do que produz no metabolismo basal (de repouso), se a temperatura do ambiente for mais baixa que a interna, tende a ocorrer um equilíbrio. Diferentemente no calor, em que a tendência de superaquecimento é grande”, explica Viana.
 
De acordo com o médico, não existe uma regra para correr no frio. O que vale na hora de escolher o local e o horário da corrida é mesmo o bom-senso. “Evitar os extremos é o mais importante. Por exemplo, não é indicado treinar em locais totalmente fechados e nem ao ar livre em locais com temperaturas muito baixas, que pode acarretar, nos casos mais graves, em hipotermia.”
 
A hipotermia ocorre quando o corpo perde muito calor para o meio ambiente, diminuindo a temperatura corporal central. Os sintomas variam desde sentir frio e arrepios até letargia, alucinação, confusão mental, nos casos em que a hipotermia se classifica como branda ou moderada.
“Se a temperatura do corpo (que varia entre 36,5 ºC a 37 ºC) estiver abaixo de 32º, o que é bem grave, pode ocorrer queda da pressão arterial, edema pulmonar e até uma parada respiratória, levando à morte”, diz Viana.
 
Enfrente o frio correndo
 
Milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de dificuldades respiratórias. Na maioria dos casos, são conseqüência de doenças bem comuns, como gripe, resfriado, rinite alérgica, sinusite, bronquite e asma, que entre outras causas, têm relação direta com a poluição do ar que respiramos.
 
A exposição a fatores de risco como pólen, mofo, ácaros, fumaça de cigarro, poluentes do ar, gases químicos, inseticidas, poeiras e até determinados alimentos (para algumas pessoas, frutos do mar ou alimentos muito condimentados) manda alertas para a medula óssea, que passa a produzir em larga escala células de defesa.
 
Quando a medula decodifica que o sistema respiratório está sofrendo a invasão de agentes agressores, envia células que provocam a inflamação das vias aéreas. As paredes incham e dificultam a passagem do ar, e os músculos dos brônquios ficam sensíveis, contraindo-se a qualquer estímulo.
 
As infecções produzem um processo inflamatório que é muito semelhante ao mecanismo da reação alérgica. “O estresse emocional e o exercício estimulam liberação de mediadores que deixam as mucosas mais sensíveis e permitem a contração da musculatura que reveste os brônquios (broncoespasmo), dificultando a passagem do ar para os pulmões”, explica o fisiologista do exercício Paulo Zogaib, do Cemafe (Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
 
Mas ter problemas respiratórios não é empecilho para praticar atividades físicas. Muito pelo contrário, quando bem orientadas, são até indicadas e colaboram para o restabelecimento físico do indivíduo. “Costumo indicar a prática esportiva, principalmente a corrida e a natação, aos meus pacientes, pois também tenho rinite alérgica e senti que a intensidade e a freqüência de minhas crises diminuíram muito depois que aderi à corrida”, conta o otorrinolaringologista Cristiano Carneiro, doutor pela Universidade de São Paulo (USP).
 
Para correr no frio
 
  • -Proteja o corpo com roupas especiais para o inverno. A região do corpo que merece maior atenção é o peito, por reunir órgãos vitais
  • As extremidades do corpo, como pés e mãos, são muito sensíveis ao frio, procure protegê-las com luvas e meias
  • Cabeça e pescoço merecem também atenção especial. A cabeça é uma região muito vascularizada, que perde bastante calor. Use gorro ou boné, sempre de tecidos respiráveis
  • Passe manteiga de cacau ou algum produto semelhante nos lábios para evitar rachaduras
  • Use várias camadas de roupa quando for correr e vá retirando, uma a uma, à medida que o corpo for aquecendo
  • Se você está com roupa suficiente para não sentir frio parado antes da corrida, provavelmente está com muita roupa para correr e irá sentir calor durante o treino ou prova
  • Faça um bom aquecimento. Trotar de 10 a 15 minutos, a 50% do VO2 máx é importante para preparar o organismo, além de equilibrar a respiração
  • Para evitar infecções respiratórias, não treine “outdoor” em dias muito secos e com muita poluição. Prefira a esteira da academia também nos dias muito frios
  • Alongue e aqueça o suficiente para deixar a temperatura do corpo agradável para iniciar a atividade
  • Evite o consumo de álcool, pois aumenta a vasodilatação e, com isso, aumenta também a perda de calor
  • Vista roupa seca assim que terminar o treino. Roupa e corpo úmidos de suor aumentam o risco de hipotermia, pois o valor isolante fica comprometido e a umidade da pele facilita a perda de calor por condução, convecção e evaporação
  • Não esqueça da hidratação. Mesmo no inverno, é necessária a ingestão de água antes, durante e após os exercícios
  • Repor as energias gastas pelo exercício ingerindo carboidratos também é importante no inverno
  • Para os asmáticos, antes de treinos intensos e competições, é importante usar as medicações preventivas (broncodilatadores e antiinflamatórios), sempre com prescrição médica.
*Saiba mais na edição 38 da revista O2.






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